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Notícia

‘Fim dos canudos de plástico é tendência mundial’, defende vereador

Anúncios recentes de grandes multinacionais reafirmam intenção de eliminar canudos de plástico nos próximos anos.

No dia 15 de janeiro, um anúncio de uma das maiores multinacionais de alimentos do mundo, a suíça Nestlé, entusiasmou ambientalistas ao redor do globo: a empresa eliminará os canudos de plástico de todos os seus produtos, passando a utilizar materiais alternativos para a sua substituição. O anúncio à imprensa foi ainda mais específico: serão lançadas embalagens de papel para os produtos Nesquik no primeiro trimestre de 2019, para o biscoito Yes no segundo semestre deste ano, para o chocolate Smarties durante 2019 e para o achocolatado Milo em 2020. Além disso, a empresa tem por objetivo eliminar todos os plásticos não recicláveis ou de difícil reciclagem das embalagens de seus produtos entre 2020 e 2025.


A notícia entusiasmou muita gente também em Araraquara, inclusive o vereador Rafael de Angeli (PSDB), que há meses está empenhado em uma cruzada contra os canudos de plástico. Ele protocolou, na Câmara Municipal, um projeto de lei complementar que obriga os restaurantes, lanchonetes, ambulantes e bares da cidade a utilizarem e fornecerem aos clientes canudos individualmente embalados, confeccionados em papel ou em material biodegradável.


"É uma tendência mundial e fico feliz por trazer a iniciativa para a nossa cidade. É preciso que as pessoas tenham consciência do dano que os plásticos causam ao ambiente. Para se ter uma ideia, de acordo com estudos da fundação da velejadora britânica Ellen MacArthur, em parceria com a consultoria McKinsey, apresentados no Fórum Econômico Mundial de Davos em 2016, se o consumo e o descarte de plástico não mudar, teremos mais plástico do que peixes nos oceanos em 2050", pontua o vereador. Angeli observa que "muita gente argumenta que os canudos representam pouco no cenário geral de poluição plástica, mas é preciso começar por algum ponto, e este tem sido o início adotado por vários países, cidades e até multinacionais".

O ponto de vista do parlamentar vai ao encontro da perspectiva da Nestlé. “Nossa visão e plano de ação definem o nosso compromisso e a abordagem específica para resolver o problema do lixo gerado por embalagens de plástico”, afirmou o CEO da empresa, Mark Schneider. “Embora estejamos comprometidos com opções de reciclagem sempre que viável, sabemos que mesmo 100% de reciclabilidade não seria suficiente para resolver a crise do lixo plástico com sucesso. Estamos determinados a avaliar todas as opções para resolver este desafio complexo e adotar várias soluções que tenham impacto agora”.


Ações nesse sentido estão se difundindo cada vez mais pelo mundo. A Coca-Cola Amantil, a maior engarrafadora da bebida na região da Ásia-Pacífico, adotou o uso de canudos de papel este ano. É uma grande mudança para a empresa que, até o ano passado, distribuía canudos de plástico em cerca de 115 mil estabelecimentos ao redor do globo.


Na mesma linha, a Starbucks, a maior rede mundial de café, começou a eliminar os canudos recentemente, substituindo-os por tampas de material biodegradável que permitem ingerir inclusive bebidas quentes. A rede pretende eliminar todo o plástico de seus restaurantes até 2020.


Alternativas


“É verdade que os canudos de papel, alumínio e aço inoxidável são bem mais caros que os comuns, de plástico. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, e chega a afirmar erroneamente, os canudos em material biodegradável, por exemplo, apresentam pouquíssima diferença de preço em relação aos canudos de plástico comum, somente um centavo”, esclarece Rafael de Angeli, que vem pesquisando sobre o assunto e conversando com comerciantes que já adotaram produtos alternativos, com fabricantes de canudos biodegradáveis e empresas que produzem aditivos biodegradantes. Uma delas é a empresa Eco Ventures Bioplastics, de São Paulo (SP), que desenvolve resinas biodegradáveis que podem ser utilizadas em materiais rígidos ou flexíveis para favorecer a decomposição de polietileno, polipropileno, poliestireno, PET, EPS e EVA.


“Colocamos nosso corpo técnico e comercial à disposição para desenvolver produtos e embalagens biodegradáveis que sejam ecologicamente corretos e comercialmente viáveis”, explica a supervisora Bruna Folster. A eficácia dos produtos e a conformidade com as normas da Anvisa foram confirmados por laudos e certificados de laboratórios independentes, inclusive internacionais. A utilização das resinas permite fabricar canudos com vida útil de um ano e cinco meses e tempo total de biodegradação de dois anos e seis meses. “Vale ressaltar que produtos que utilizam nosso aditivo terão, no final do processo de decomposição, somente água, CO2 e biomassa (húmus)”, acrescenta.


Produtos ainda mais alternativos têm sido desenvolvidos, como o canudo biodegradável, comestível e maleável à base de inhame, criado pela estudante Maria Pennachin, de 16 anos. Maria desenvolveu o biocanudo no laboratório do Colégio Estadual Culto à Ciência, de Campinas (SP). O produto pode ser descartado na natureza sem prejuízos, não tem sabor e não dissolve no líquido. O projeto foi o primeiro colocado na Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (Fenecit), o que credenciou a estudante para representar o Brasil em uma feira nos Emirados Árabes Unidos. “A tendência é que mais iniciativas como essas surjam e se desenvolvam aqui no Brasil e também no mundo todo”, acredita Angeli.


Para ajudar a divulgar ainda mais as alternativas, o vereador sorteou dez canudos de alumínio durante uma transmissão ao vivo nas suas redes sociais na semana passada:


“Além de um bate-papo interessante com os munícipes, foi uma oportunidade de aumentar a conscientização em relação ao tema e de desmistificar algumas ideias incorretas, fruto de desconhecimento e desinformação. Estamos caminhando para a substituição dos plásticos por materiais biodegradáveis em todo o mundo, e Araraquara, em breve, também poderá fazer a sua parte”, conclui.


24/01/2019

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